sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Contradições do discurso modernizador pregado pela elite sergipana no início do século XX

Foto do bairro Siqueira Campos no início do século XX, chamava-se Aribé.


            No que foi aprendido sobre a modernização de Aracaju nas primeiras décadas do século XX, gerava-se contradições com o quadro estatístico de emigrantes vindos do interior do Estado à procura de emprego e condições de sobrevivência. Estes se integravam a cidade as margens do quadrado de Pirro. Um dos bairros importantes que acolhia o trabalhador pobre recém chegado do interior era o Aribé (atual Siqueira Campos).
            O trabalhador pobre chegava a capital e invadiam terrenos em morros de areia ou manguezais e construíam seus casebres à margem da cidade. Um dos atrativos a esses homens foram as duas fábricas de tecido que eram as maiores das oito existentes no Estado. Percebe-se que não chegava somente a burguesia em Aracaju, mas pobres interioranos, e isso preocupava os idealizadores do discurso modernizador.
            Percebemos que além das grandes construções modernas, Sergipe passava por uma nova roupagem nas áreas as margens do quadrado de Pirro, onde de zona rural passava a ser complemento da cidade, em que suas condições de vida eram precárias. Sendo este um dos aspectos contraditórios da modernização defendida pela elite aracajuana.

Referência:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Parte do outro lado da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas so século XX. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010.

domingo, 30 de outubro de 2011

Uma nova fase da história de Aracaju e a superação do sentimento de “inferioridade”

Aspectos interno do IHGSE.
(Álbum de Sergipe 1820-1920 - Clodomir Silva)


Com o processo modernizador implantado em Aracaju no início do século vinte, desprezava-se o passado, tratando-o como um atraso para história local e dando valor ao presente.  A elite local se reunia para a formação da identidade local, colocando em destaque alguns sergipanos que superaram as dificuldades locais e conseguindo serem destaques no campo nacional e internacional.
Nesse mesmo período a elite aracajuana cria o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, que foi fundado em 1912 por Florentino Teles de Menezes onde se reuniam para elaborar textos em Sergipe, sobre Sergipe e para Sergipe. Esse grupo seleto de intelectuais se preocupavam com a construção da identidade sergipana e queriam superar o sentimento de inferioridade presente no passado.
A elite local identificava a identidade sergipana na figura de homens ilustres como: Tobias Barreto, Silvio Romero, Horácio Hora entre outros, mostrando o destaque deste na arte, política, literatura, filosofia e etc.

Referências:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Um misto de acanhamento e audácia...”: Reflexões em torno da identidade sergipana (1910-1930). Tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), USP, 2003.

sábado, 29 de outubro de 2011

As Potencialidades da História local para a Produção de Conhecimento em sala de aula. O Enfoque do Município de Sorocaba. Autor: Arnaldo Pinto Júnior

           A partir da leitura desse artigo, podemos perceber que existe ainda hoje uma desvalorização da história local, em que pessoas preferem dar valor do que é visto na televisão do que está acontecendo na sua própria região. Existem jovens que se sentem mais próximos de festa que acontecem em outros países do que as manifestações culturais existentes na sua cidade natal.
           Nesse artigo o autor cita o exemplo do município de Sorocaba, que com a modernidade ela vinha perdendo suas identidades culturais. Mas nem precisamos ir muito longe pra perceber que com a modernidade e a globalização, algumas regiões vão perdendo sua importância na cultura dando espaço a uma cultura global, pois em alguns municípios Sergipe, festas que tem tradição perderam um pouco de espaço para o que a mídia vem trazendo.
           Portanto, precisamos incentivar aos estudantes a dar valor à história local, para que estes possam criar identidade com a região em que vive, motivando aos alunos a discutirem sobre esses assuntos em sala de aula.

domingo, 16 de outubro de 2011

As primeiras décadas do século XX - Mudanças e modernidade

Foto da Rua Olímpio Campos em 1907
(fonte: http://www.aracaju.se.gov.br/154anos/index.php)


Desde a fundação de Aracaju, no governado de Inácio Barbosa, surgia a ideia de construir em Sergipe um núcleo urbano moderno. No inicio do século XX, o Estado já apresentava seu discurso modernizador nos jornais da época.
            O Estado de Sergipe deixa claro que Aracaju teve uma infância difícil, com casas de palhas e diversas epidemias, mas venceu, pois nas primeiras décadas do século XX, ela já vestia uma roupa nova, superando a imagem de cidade cheia de pântanos e lagoas. Inauguravam-se praças públicas, equipamentos urbanos (energia elétrica, bonde, etc.), faziam aterros de lagoas e desbastamento de morros. E inaugurava-se também a Escola de Aprendizes e Artífices no nosso Estado.
            No início da década de 1910, muitas famílias ricas passaram a se estabelecer na capital sergipana. Com a vinda da nova burguesia a vida aracajuana passou a se modificar.  Essa mudança contribuiu para fomentar melhorias no aspecto físico da cidade.

Referências:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave branca que voa dos Pântanos para o azul...”: As Elites e o Projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a 1930. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010

sábado, 17 de setembro de 2011

A mudança da capital de São Cristovão para Aracaju

Foto doAntigo Atheneu e rua Itabaiana em 1910
(fonte: http://www.aracaju.se.gov.br/154anos/index.php)

Sergipe tinha a necessidade de um porto para escoar suas riquezas, pois o açúcar que saía da Cotinguiba era exportado vai o porto de Salvador. A elite sergipana foi motivada a concordar com a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, pautadas no pensamento progressista e na necessidade de uma capital que pudesse se expandir planejada na construção de um porto.
Em 17 de março de 1855 é assinada por Inácio Barbosa a resolução que transfere a capital sergipana de São Cristóvão para as praias de Aracaju, com objetivos de construir um porto. Aracaju estava próxima a mais poderosa região econômica da Província que era a Cotinguiba que nesse momento sofria de problemas de escoamento do produto por falta de um porto, com isso facilitava as importações e exportações de produtos.
Além de motivos técnicos a elite sergipana era motivada pela mudança, pois queriam romper com o passado colonial preparando um futuro melhor para a Província. Ocorria um certo desprezo por São Cristóvão, por suas ruas tortas, estreitas e suas ladeiras, mas nas praias de Aracaju surgiria uma nova capital, com um novo perfil urbanístico e novos traços modernos que se distanciava das tradicionais cidades coloniais.
Portanto, podemos perceber que foram diversos os motivos para a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, desde os problemas de escoamento pela necessidade de um porto a vontade de rompimento com o passado colonial.

Referências:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. Anos de prosperidade e mudanças: A sociedade do açúcar e a necessidade de uma nova capital sergipana. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010.

domingo, 11 de setembro de 2011

Surgimento das Câmaras Municipais em Sergipe Colonial


            As câmaras municipais foram criadas para estabelecer a ordem nas capitânias, exercendo funções político-administrativas, judiciais e fazendárias, composta pelos criadores de gado e agricultores. Foram criadas pelo rei, mas com o tempo elas foram tomando seu espaço e se voltaram contra ele. A primeira câmara até o século XVIII foi a de São Cristóvão sendo seguidas por Lagarto, Cotinguiba e etc.
A Coroa e os camaristas tinham assuntos de interesse em comum, ambos queriam conquistar o território, aniquilar índios, investir na produção, etc., mas essa parceria não durou muito, porque a Coroa percebeu o aumento do poder local, com os camaristas se fortalecendo e ampliando seus poderes, utilizando as câmaras como órgão de defesa de seus interesses, controlando a legislação e ditando suas próprias regras. E com isso, o rei tomou a medida de descentralizar o poder das câmaras.
A formação das câmaras contribuíram para processo de independência de Sergipe, pois os camaristas protestavam contra pelas taxas abusivas cobradas pela Bahia, estando insatisfeitos com as intransigências das autoridades baianas com a capitânia sergipana, protestos esses levados ao Governo Geral. A independência do Brasil veio para facilitar o processo de independência de Sergipe.  


Referências:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. Das Insubordinações e protestos à Independência da Capitânia de Sergipe. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A crítica feita ao mito do "bandeirantismo baiano"

Foto das Ruinas Casa da Torre de Garcia D'Ávila


Na Bahia a figura do bandeirante é representada em literatura histórica, como importantes homens do passado baiano e brasileiro, tratando de sua importância para a ocupação e a formação da Nação, sendo estes chamados de desbravadores do sertão.
Sousa, em seu texto Caminhos da colonização da capital sergipana, deixa claro que a partir do final do século XIX e início do século XX muitos intelectuais paulistas difundiram o símbolo do bandeirante como grande conquistador da Nação Brasileira. De mesma forma ocorrera no Estado da Bahia, em que faziam exaltação aos bandeirantes, onde os Ávilas ocupam posição central nesse processo, retratados como heróis baianos na conquista do sertão.
Uma série de autores ajudaram na construção do simbolismo dos Ávilas como bandeirantes baianos, tratando estes, como agentes da civilização, em que idealizavam as lutas sangrentas contra os índios, como batalhas da família baiana contra os inimigos violentos. Para muito desses autores, os Ávilas conquistaram boa parte do território brasileiro e contribuíram para a formação do caráter nacional do mesmo.
Assim como alguns autores idealizaram os Ávilas como o simbolo do banderantismo baiano, existiram aqueles que se colocaram contra. Sousa, ainda nesse mesmo texto citado acima fala sobre fazer inversão de valores através de questionamentos sobre o dominador não ser mais o herói e o dominado poder ocupar na galeria de personagens importantes. Concordando com a posição de Pessoa que em sua tese fala que a colonização brasileira e outros processos históricos do Brasil contribuíram para uma sociedade marcada de manutenção de privilégios e para exclusão social, sendo refletidos no Brasil que vivemos.

Referências:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. Caminhos da colonização da capitania sergipana: a socieade do couro no final do século XVI ao XVIIITemas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS, CESAD, 2010

PESSOA, Ângelo Emílio da. As Ruínas da Tradição: a Casa da Torre de Garcia d'Ávila - Família e Poder no Nordeste Colonial. Tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), USP, 2003.

www.google.com.br. Acesso em 22/08/2011